A pandemia de Covid-19 acelerou o número de mortes no Brasil e Alagoas também segue avançando quando se trata de registro de óbitos em cartórios civis do estado. Enquanto no mês de março de 2020 foram três mortes registradas pela doença, este mês até a última segunda-feira (22) foram 225, representando uma alta de mais de sete mil por cento.
Este ano, os cartórios de Alagoas já registraram 4.236 declarações de óbitos de todos os tipos de causa; sendo em janeiro 1.540; fevereiro 1.457; e março (até o momento) 1.239, com uma média de 56 mortes por dia.
No ano passado, foram 4.626 óbitos registrados nos tabelionatos do estado. Janeiro – 1.619; fevereiro – 1.434; e março – 1.573, com a soma do valor menor que o total do mesmo mês de 2020 (52 mortes por dia).
Taciana Cassiano, gerente do Planvida Renascer – plano de assistência funeral familiar, revelou que houve um crescimento considerável do número de sepultamentos. “Percebemos o aumento sim, só este mês chegamos a fazer nove funerais de Covid entre 8 da manhã às 18h em um único dia”, frisou.
“Lembro que fizemos de três a cinco sepultamentos no máximo no ano passado, porém em abril e maio o índice aumentou bastante”, comparou.
Segundo a gerente, o procedimento segue o mesmo protocolo do ano anterior, isto é, corpos de vítimas de Covid quando liberados do hospital nem chegam a irem para central de velório, seguem direito para sepultamento com a existência de todos os parâmetros.
SEPULTAMENTO
As regras para sepultamento seguem os mesmos cuidados preconizados pelo Ministério da Saúde (MS) do ano passado. “Nesses casos, o caixão fica fechado durante todo o tempo. Já para os familiares que perderam entes queridos sem ter sido por conta da Covid-19, a recomendação é a redução do tempo da cerimônia de sepultamento para até dez minutos e com, no máximo, dez pessoas presentes”, explicou Taciana Cassiano.
"O reconhecimento do corpo para caso suspeito da Covid-19 se dá por um familiar somente no local do óbito, e depois de lacrado e etiquetado não é mais possível abertura do caixão. Nossos funcionários vão buscar com parâmetros específicos, máscara, macacão impenetrável descartável, tudo como recomenda as diretrizes”, detalhou. “Do próprio hospital o corpo é levado para sepultar, sem cerimônia em nossas capelas”, completou a gerente do Planvida Renascer.
E foi exatamente assim que a família de Maurício Batista vivenciou a experiência. Ele perdeu o pai, vítima de Covid em setembro do ano passado. Segundo o filho, seu Carlos era saudável, praticava exercícios físicos diariamente, mas acabou se contaminando, foi hospitalizado e em seguida entubado e não mais voltou. “A parte mais dolorosa é não poder se despedir do ente querido. Do hospital segue para sepultamento por conta dos riscos as outras pessoas. Acompanhamos de longe no cemitério”, contou.
“O adeus ficou na mente e nos corações à distância, mas entendemos perfeitamente que é para um bem maior. Se cuidem gente, esse vírus é traiçoeiro, invisível. Não queiram passar na pele. Não desejo para o meu maior inimigo essa dor”, finalizou o Maurício.
Em Maceió, cemitérios públicos recebem 112 corpos pela doença este ano
A Prefeitura de Maceió por meio da assessoria de comunicação informou que 112 corpos vítimas de Covid-19 foram sepultados, de janeiro a março deste ano, nos quatro cemitérios administrados pelo município: São José, Piedade, Mãe do Povo e São Luiz.
Ao todo, 580 enterros foram realizados nestes cemitérios desde o início de janeiro até o momento, sendo que 112 deles foram de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus na capital alagoana. Para se ter uma dimensão da gravidade da doença, dos 85 sepultamentos no Cemitério de São José, 32 foram de Covid-19.
Em janeiro deste ano foram 270 óbitos para sepultamento nos cemitérios públicos de Maceió e 35 deles eram Covid-19. No mês seguinte, fevereiro, o número reduziu, foram 181 enterros e 26 por Covid-19.
Alagoas vem registrando uma média de 20 mortes diárias pelo novo coronavírus nas últimas semanas. Os dados podem ser conferidos no boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Das mortes diárias, está na capital grande parte delas. Ontem (24), por exemplo, das 20 mortes divulgadas pelo boletim epidemiológico da Sesau, nove vítimas eram da capital alagoana e 11 do interior do Estado.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o estado já soma 3.398 óbitos pela doença.