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Maceió, 21 de Novembro de 2024

Noticias Excesso de mortalidade avança no país e chega a 64% em abril

Excesso de mortalidade avança no país e chega a 64% em abril

O excesso de mortalidade entre 1 de janeiro e 17 de abril deste ano no Brasil foi de 64%. Isso representa 211.847 mortes a mais do que o esperado para o período, sendo homens e a população de até 59 anos os mais afetados. Os dados integram o Painel de Análise do Excesso de Mortalidade por Causas Naturais no Brasil em 2021, preparado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies e com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

painel reúne dados sobre todas as mortes por causas naturais informadas no Portal de Transparência do Registro Civil (RC), levantados em parceria com a Arpen. As mortes naturais são aquelas causadas por doenças ou mau funcionamento interno do corpo e incluem óbitos por COVID-19 e doenças respiratórias. Os números são comparados com a projeção da mortalidade estimada a partir da série histórica de óbitos, com dados reunidos pelo Sistema de Informação de Mortalidade entre 2015 e 2019, aplicando-se um fator de correção para o subregistro do óbito, nos estados com menor cobertura do RC.

De acordo com os dados do painel, o número de mortes acima do esperado – classificado como excesso de mortalidade – no país é superior à população de Angra dos Reis, no Rio. É como se todos os habitantes do município e ainda 4.803 visitantes tivessem morrido de forma inesperada e por causas naturais num período de quatro meses e meio.

Os dados reunidos no painel mostram ainda que o excesso de mortalidade no país até 17 de abril já representa 77% do excesso de mortalidade registrado em todo o ano de 2020. “Esta comparação dá uma dimensão do enorme impacto da epidemia de Covid-19 no país, já nos primeiros meses de 2021”, afirma o assessor técnico do Conass, Fernando Avendanho.

O acompanhamento das taxas de excesso de mortalidade é recomendado pela Organização Mundial da Saúde para avaliar os reflexos da Covid-19 nos países. “Os dados, associados à análise do número de mortes e infecções da doença, permitem ter um quadro mais preciso sobre as consequências diretas e indiretas da epidemia no país, fornecendo informações para a formulação de estratégias eficazes para o enfrentamento da crise de saúde”, reforça o Diretor Executivo da Vital Strategies no Brasil, Pedro de Paula.

As mortes não esperadas podem ser reflexo, além da infecção provocada pelo novo coronavírus, do atraso no diagnóstico e tratamento de outras doenças, em virtude da crise sanitária e aumento da demanda dos serviços de saúde. Os dados brasileiros reunidos pela Vital Strategies e Conass, no entanto, mostram uma inequívoca relação entre o comportamento da epidemia e o excesso de mortes.

O excesso de mortalidade em 2020 foi de 22%. Em números absolutos, foram identificadas 275.587 mortes a mais do que o esperado.

Para 2021, com base na série histórica, eram esperadas até 17 de abril 328.665 mortes no país. No entanto, na primeira semana de janeiro, o número já era proporcionalmente bem maior do esperado para o período: a proporção de óbitos no país por causas naturais (excluídas as violentas) nos primeiros sete dias de 2021 foi 36% maior do que o previsto. A tendência se manteve e a escalada das mortes por causas naturais ocorreu entre os dias 14 de fevereiro e 3 de abril. Neste intervalo, o excesso de mortalidade proporcional passou de 40% para 117%. Na última semana epidemiológica analisada, de 11 a 17 abril, o excesso de mortalidade proporcional alcançou 79%. Em números absolutos, naquela semana, ocorreram 17.837 óbitos a mais do esperado para o período.

Epidemiologista sênior da Vital Strategies, Fatima Marinho, chama a atenção para o comportamento do excesso de mortalidade no Sul do País, região que atravessou boa parte do ano passado com baixos percentuais de excesso de mortalidade. Os casos tiveram um aumento significativo a partir de 14 de fevereiro de 2021 e alcançaram um pico na semana de 14 de março, com 150% de excesso de mortalidade proporcional. No último período analisado, semana epidemiológica que começou em 11 de abril, o excesso de mortalidade proporcional ainda era muito expressivo: 84.

Marinho destaca também a confirmação da tendência registrada no final do ano passado. “O excesso de mortes vem crescendo entre a população de até 59 anos e se mantido maior entre os homens. Na população do sexo masculino de todas as faixas etárias, o número esperado de óbitos era de 171.132 até a semana de 11 de abril. O excesso de mortes observado, no entanto, foi de 115.843, equivalente a 68% do que havia sido inicialmente projetado. Entre mulheres, o percentual de excesso de mortalidade foi de 61%. O número de óbitos esperado era de 157.533, mas foram identificadas 96.004 mortes a mais” afirma.

Uma das hipóteses que podem explicar o fenômeno é o fato de homens adotarem comportamento de maior risco de contaminação por COVID19. A nova variante P1 também tem atingido a população abaixo dos 60 anos. Esses fatores combinados podem explicar o maior impacto entre os homens de até 59 anos.

Entre homens com até 59 anos, o percentual de excesso de mortalidade é de 86% e entre mulheres nesta faixa etária, 81%. Marinho avalia que os dados revelados no painel trarão reflexos na expectativa de vida do brasileiro. “São mortes evitáveis, que certamente não ocorreriam se não houvesse uma epidemia destas proporções em curso. Isso terá um impacto importante para toda sociedade, com consequências a médio e longo prazo”, conclui.

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