A autorização nacional para que os cartórios de registro civil brasileiros realizem mudanças de nome e sexo de pessoas transgênero completou cinco anos agora em 2023. Em Alagoas, o número de pessoas que optou pela troca cresceu 133,33% entre 2021 e 2022, indo de 18 para 42.
Os dados são da Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais) Alagoas. No país inteiro, o número de alterações cresceu quase 100% e hoje mais de 10 mil atos foram realizados sem necessidade de procedimento judicial e nem comprovação de cirurgia.
Regulamentada em todo o país em 2018, após decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF), a mudança de sexo em cartório foi regulada pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e passou a vigorar em junho do mesmo ano. No
primeiro ano de vigência – junho de 2018 a maio de 2019 -- foram feitas
1.916 alterações e, no último ano – junho de 2022 a maio de 2023 – houve
3.819 mudanças de gênero, aumento de 99,3%.
Os números constam
da Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), base de
dados nacional de nascimentos, casamentos e óbitos administrada pela
Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais
(Arpen-Brasil), que reúne os 7.757 cartórios de registro civil do país.
“O
que vemos são as pessoas cada vez mais cientes de seus direitos e
querendo fazer prevalecer na prática a sua personalidade e a sua
autodeterminação”, disse, em nota, o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo
Renato Fiscarelli, “Trata-se de mais um princípio relacionado à
dignidade da pessoa humana e que encontra no Cartório de Registro Civil
um procedimento muito mais prático e ágil do que a antiga opção de
recorrer ao Poder Judiciário”, completou.
Os dados dos cartórios
de registro civil mostram ainda que os dois últimos períodos de vigência
da norma foram aqueles em que houve maior crescimento. No período de
junho de 2021 a maio de 2022 houve aumento de 57,6% em relação ao
período anterior, quando os atos passaram de 1.348 para 2.124. O período
seguinte, de junho de 2022 a maio de 2023, teve crescimento ainda
maior, com os números subindo para 3.819 alterações de gênero, aumento
de 79,8%.
Entre as mudanças de gênero, as mudanças para o sexo feminino
prevalecem. No primeiro ano da nova regulamentação – junho de 2018 a
maio de 2019 – foram 1.068 mudanças do sexo masculino para o feminino e
798 do feminino para o masculino. Já no último ano da norma -- junho de
2022 a maio de 2023 – foram registradas 2.017 mudanças de masculino para
feminino e 1.558 de feminino para masculino.
Como fazer
Para
orientar os interessados em realizar a alteração, a Arpen-Brasil editou
a Cartilha Nacional sobre a Mudança de Nome e Gênero em Cartório, em
que apresenta o passo a passo para o procedimento e os documentos
exigidos pela norma do CNJ.
Para realizar o processo de alteração
de gênero em nome nos cartórios de registro civil é necessário
apresentar todos os documentos pessoais, comprovante de endereço e as
certidões dos distribuidores cíveis, criminais estaduais e federais do
local de residência dos últimos cinco anos, bem como das certidões de
execução criminal estadual e federal, dos Tabelionatos de Protesto e da
Justiça do Trabalho. Na sequência, o oficial de registro deve realizar
uma entrevista com o interessado.
Eventuais apontamentos nas
certidões não impedem a realização do ato, cabendo ao cartório de
registro civil comunicar o órgão competente sobre a mudança de nome e
sexo, assim como aos demais órgãos de identificação sobre a alteração
realizada no registro de nascimento. A emissão dos demais documentos
devem ser solicitada pelo interessado diretamente ao órgão competente.
Não há necessidade de apresentação de laudos médicos, nem é preciso
passar por avaliação de médico ou psicólogo.